sábado, 19 de março de 2011

CONFLITO OU VIOLÊNCIA NO TRABALHO?




O amigo Jailson Prodes enviou colaboração sobre o debate Violência Organizacional versus conflitos no trabalho, surgido após acordo assinado entre CONTRAF e FENABAN. Aí vai....

A cláusula 51 do Acordo Coletivo de Trabalho dos bancários 2011, que trata do Assédio Moral, contém uma armadilha ideológica: dar fim a figura da Violência contra o Trabalhador, tratando-a como mero conflito.

Essa alteração expressa uma visão ideológica de adesão aos interesses patronais. Bem afeita aos que defendem a ideia que não há contradição entre explorados e exploradores.

Marx denunciou a violência no trabalho dentro do sistema capitalista. Dizia ser a exploração da força de trabalho pela classe dominante como danosa à integridade dos trabalhadores.

Também as organizações sindicais e movimentos sociais denunciaram a exploração de trabalho escravo e violência no local de trabalho. Obter o reconhecimento da violência no local de trabalho foi uma grande conquista dos trabalhadores, que lutam por trabalho digno e não adoecedor.


Mesmo assim, o ambiente de trabalho se tornou um campo propício ao assédio moral e sexual, com discriminação de todas as formas, perseguições que resultam em sofrimento e variadas formas de adoecimento. Mas, isso, não é acidental.

O patrão sabe que exerce seu poder de forma violenta e que causa sofrimento e variados tipos doenças, mas não quer que o trabalhador tenha consciência disso.

Com essa objetivo foram criadas novas formas de dominação, com práticas de gestão mais requintadas com o objetivo claro de mascarar ou ocultar a violência.

Para não se sentir explorado pelo patrão, o trabalhador é chamado de "colaborador" e a empresa passa a ser extensão da sua "família". Para não se sentir escravizado, o trabalhador trabalha de graça em troca de "banco de horas". No lugar do chicote existem as "metas" absurdas e o controle da produção resulta em rotinas vividas em ritmo alucinante.

Como não pode admitir a violência, o patrão lança meios de dissimulá-la através de mensagens ideológicas diretas ou subliminares.

A postura do patrão tem justificativa, porque quer preservar sua condição na busca de lucro maior e sem ser taxado de explorador. Mas, por outro lado, qual tem sido o posicionamento dos sindicatos de trabalhadores diante dessa realidade?

Boa parte do movimento sindical de trabalhadores identifica essas mazelas no ambiente de trabalho e se opõe radicalmente. Denunciam a violência no local de trabalho e o tratamento desumano.

Mas, nem tudo são flores, pois alguns sindicatos caem no canto da sereia. Defendem acabar com a violência de forma artificial passando a tratá-la como CONFLITOS no trabalho.

O maior problema dos trabalhadores é que tem dirigentes sindicais que acreditam em papai noel ou, como diria o tio Marx, apostam na colaboração de classe. E, colaboram com a exploração do trabalhador, ao abolir de forma fantasiosa a existência da violência no local de trabalho.

Jailson Bueno Prodes
Dirigente Sindical Bancários de Porto Alegre

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